26/09/2011

Armazenar Pra Que?



A memória na época dos bytes.

Começou assim, lendo essa notícia na @revistasuper “Armazenar não é preciso”. Em tempo de sustentabilidade e consumo consciente, tem gente que se pergunta quanto gasta armazenar e-mails nos servidores por aí.

A questão nem é tanto o número cabalístico encontrado, que na própria reportagem é meio desacreditado. Mas na pergunta final: E pra que se armazena tanto mega bites de e-mails e arquivos?

Fiquei intrigada. Afinal minha conta de e-mail acumula hoje cerca de 1750 e-mails não lidos. A maioria meus mesmo, de arquivos e links e notas e sei lá mais que achei interessante em alguma época e resolvi guardar. Dá para notar que nunca tive nem o trabalho de abrir depois.

Se voltar nas páginas dos primeiros e-mails desta conta vou encontrar conversas no início da faculdade. Discussões de trabalhos, mensagens entre amigos, convites de baladas. Memórias e lembranças. De pessoas que convivi tanto naquele período e que pouquíssimo reencontrei nos anos seguintes. De pensamentos e formas minhas, de quem já fui e sobre o que sonhava.

Há também toneladas de e-mails trocados durante o namoro. Da fase de aproximação, da conquista, das mudanças, dos planos, das trocas e momentos compartilhados. Tudo ali, registrado. Nossa história em milhares de caracteres.

Se a história das outras épocas ficou registrada em fósseis, pinturas rupestres ou ruínas, a minha está no servidor de uma big empresa americana, que não tenho a menor noção (ou preocupação) de conhecer o endereço físico.

Conforta o fato de ter acesso a tudo isso de qualquer computador, de qualquer lugar do planeta. É como se carregasse tudo comigo, numa mochila que não pesa nos ombros.

Outro dia um colega de trabalho comentou em tom de piada que, hoje em dia, quando filho nasce, vem junto um HD externo para armazenar toda a vida dele ali. E não é mesmo?

Os HDs externos, pen drives e arquivos virtuais hoje substituem as caixinhas cheias de lembrancinhas do passado. Servem para guardar pedacinhos de quem fomos, recordações do que nos formou.

Vou trocar a pergunta da reportagem por outra. Estamos prontos para desapegar de memórias, mesmo as virtuais?

PS. Dia seguinte ao escrever estas linhas, descobri que minha conta de tantos longos anos de e-mail não mais abria. Tentei várias vezes, bloqueia o acesso por outras, mandei e-mail desesperado para a administração, e nada! Perdi o acesso...

Pura auto sabotagem, auto perseguição, auto mutilação... sai zica! Pronta eu não estava, mas estou lidando com o luto e o peso de ter apenas memórias da minha mente confusa ...

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