26/03/2012

A Difícil Fase De Mudanças - parte 1


Você já deve ter passado por isso. Começa com uma dor insuportável. Fica tão ruim assim pelo longo tempo que a, indevidamente, é suportada.

De tomar caminhos errados, daqueles que deixam o estômago doendo e os olhos brilhosos de lágrimas, e não corrigir a rota. Daquela inocente e fatal ideia de seguir sempre em frente, sem parar. O problema é que os caminhos não se mostram completamente à primeira vista. Eles vão derivando a cada passo, a cada curva.

Chega o tal dia, e você se vê lá, no meio. Sem se lembrar de quanto tempo passou até ali. Tentando sentir o gostinho bom daquela trilha tão escondida e tão mágica que acabou ficando para trás (afinal, o dever chamava!).

Então, você para. Ou melhor, param por você.

Suas pernas não te obedecem mais. Suas entranhas imploram por atenção, e conseguem! Seu corpo se revolta. E você cede.

Se sua alma já havia sido vendida em acordos politicamente corretos no passado, não importa. Seu corpo, não se deixa levar tão fácil. Ele é esperto, é físico; ele sabe que tem força, que tem presença. Você cede, porque não há outra escolha neste ponto.

Ao escolher abandonar a dor dilacerante, você toma um caminho sem volta. Ela nunca mais vai dominar seu território. Porém, adiar mudanças será similarmente impossível. O fim da dor significa também o fim da acomodação, da inércia, do “tanto faz”.

É o começo de uma nova era. E de novas dores!

Sim, claro! Viver não acontece sem dor, sem barreiras, sem arranhões. Quem gostaria de viver dentro de uma bolha (física ou psicológica)?

Acostumar-se com a dor é o único caminho constante e indisfarçável. Cada dia seu corpo se torna mais resistente e sua alma mais forte. Cada dia a tolerância à dor aumenta ao mesmo tempo em que a consciência se torna mais atenta. No final, mesmo sabendo que você pode aguentá-la, você decide reagir e não tolerar mais.

Acostumar-se á dor é também um ato de coragem. É uma declaração, para o lado de fora, de que você está preparado do lado de dentro. Que venham socos e pontapés, que venham cortes, ameaças, gritos. Eu também tenho voz, e posso gritar. Eu também tenho unhas, e posso me defender. Eu também tenho vontade, e vou viver.

Eu tomei esse caminho há alguns anos. E dói...como sempre doeu. Mas eu também eu sorrio, gargalho, sou feliz...como nunca antes na história deste país.

E eu vivo, eu sou ser vivo. Porque eu erro, porque eu choro, porque eu sofro e porque dói. Mas porque eu escolho viver apesar e por causa disso tudo.

Não concorda, então oh!

Nenhum comentário:

Postar um comentário